sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Direitos Humanos: A Desigualdade continua
Brasil alcança com êxito 03 metas do milênio

Katia Lemos

Estatura mediana, aparência fraca, cansada e sem moradia. Assim é Fátima, 45 anos.
Há dias e noites vaga pelas ruas do centro de São Paulo, sem ter um lugar confortável para descansar, tomar banho ou comer. E nesse momento, não existe ninguém para ajudar. “Não consigo emprego devido minha idade, sendo assim, não tenho dinheiro para alugar uma casa, comer e ter uma vida digna como qualquer pessoa. Então, ela pergunta: Por que o governo não pode ajudar-me”? Fátima não deixa de ter razão.
Mas, mostra que desconhece seus direitos como cidadã e o que diz a Declaração Universal dos Direitos Humanos, na qual consta que é responsabilidade do Estado cuidar da sociedade. Porém, se tudo fosse como está escrito eles (mendigos) não estariam nesta situação.
Na Declaração Universal dos Direitos Humanos está escrito que: Todo ser humano tem direito e deveres, sendo a família o núcleo natural e fundamental da sociedade, tendo direito à proteção da sociedade e do Estado, conforme artigo 17 da Constituição Federal. Ainda no artigo 21, 22, 25 e 26 destacam-se os direitos ao acesso de serviços públicos, segurança social, emprego, padrão de vida estável e o direito a educação.
Andando pelas ruas da capital, do país e do mundo não se vê as coisas desta forma, e sim milhares de pessoas sem moradia, sem escola, sem atendimento médico, e o principal que mudaria estas vidas, o emprego. Como é o caso de Fátima e milhares de pessoas em todo o mundo, indiferente do continente, país, estado ou cidade.


As 08 metas do milênio
Diante de tantas cenas como estas vistas pelo mundo afora, desde o ano 2000, cerca de 190 países esforçam-se para alcançar as 08 metas do milênio estabelecidas pela ONU (Organização das Nações Unidas) até 2015. São elas: 1)Erradicar a extrema pobreza e a fome, 2)atingir o ensino básico universal, 3)promover igualdade entre os sexos e autonomia das mulheres, 4)reduzir a mortalidade infantil, 5)melhorar a saúde materna, 6) combater o HIV, 7)garantir a sustentabilidade ambiental e 8) estabelecer parceria mundial para o desenvolvimento do planeta.
Atualmente o Brasil é um dos únicos participantes a chegar próximo das metas, de acordo com informações do PNUD (Programa das Nações Unidas para o desenvolvimento), responsável por conectar países, ajudar pessoas a construir uma vida digna, entre outros.
O Brasil consta nos relatórios com 100% de aprovação nas metas 1, 4 e 6, 95% nas metas dois e três e 50% nas metas 5, 7 e oito. O grande desafio passa a ser então atingir as metas em todas as regiões do país e do mundo e pelos diferentes grupos sociais.
Diante da crise financeira mundial é considerável que não se concretize estes objetivos até 2015 diversos países enfrentam dificuldades. Estima-se que somente com a crise do preço dos alimentos mais de 100 milhões de pessoas cairão de volta à pobreza, ou seja, os que mais necessitam de ajuda serão os que mais sofrerão com tudo isso.
Para Ana Soares, oficial de planejamento, avaliação e monitoramento do PNUD, é importante frisar que a responsabilidade pela prevenção da mortalidade infantil, por exemplo, não é só da família e não é só um problema de falta de educação, informação e ações preventivas por parte dos pais. O acesso a saúde, água potável, saneamento básico, educação, entre outros, é responsabilidade do Estado. “A educação a partir do lar é essencial para destruir todos os preconceitos e tornar as oportunidades iguais para todos.” Diz Ana.
O último relatório global publicado em 2008 pela ONU relata progresso desigual no mundo, e sendo assim, no ritmo de desenvolvimento atual a maioria dos países não chegará a alcançar todas as metas do milênio dentro do prazo estabelecido até 2015.
Enquanto grandes potências mundiais estiverem passando por situações difíceis com a crise financeira, milhares de pessoas no mundo continuarão na situação de Fátima, ou até mesmo pior, aguardando auxílio de um lugar que talvez nunca chegue.


matéria publicada no Jornal Expressão da Universidade São Judas