quinta-feira, 9 de abril de 2009

Doação voluntária permanece em baixa
Baixos índices de doadores pode ser causado por herança cultural


Kátia Lemos

A taxa de doação de sangue na América Latina é considerada baixa se consideramos países como Argentina (7%), México (3,7%), Chile (6,7%), Venezuela (7%) e Bolívia (23,2%). Porém os dados brasileiros não são dos piores com média de 50 %, alcançam a Colômbia 50.5%, e ficam atrás da Costa Rica (57,1%), Cuba e Uruguai, onde 100% das doações são voluntárias.

De acordo com a Fundação Pró-sangue, instituição pública ligada à Secretaria de Estado da Saúde e a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em nosso país a doação vinculada (reposição de sangue por uso de um parente/amigo) predomina com cerca de 50% do total de doações, sendo o restante doação de voluntários.

Por mês, a assessora de imprensa Vânia de Oliveira revela que a Fundação coleta e processa cerca de 13.000 mil bolsas de sangue que têm como destino 128 hospitais da Região Metropolitana de São Paulo. “Desse total aproximadamente 43% do sangue é consumido na Região metropolitana, 22% do Estado e 6% em todo o Brasil,” diz.

Segundo a Assessoria, o brasileiro não doa sangue por problemas de origem cultural. Acredita-se que pelo fato do Brasil nunca ter sido atingido por guerras e grandes tragédias, a população não adquiriu este hábito de doar sangue regularmente. Sendo que, na Europa as pessoas encaram a doação como um dever cívico.

Diversos projetos e campanhas são realizados para sensibilizar a sociedade, para evitar, por exemplo, a morte de 500 mil mulheres por ano devido problemas de hemorragia na gravidez, conforme divulgação da OMS (Organização Mundial de Saúde). Porém, essas ações não são divulgadas corretamente e não chegam até os brasileiros.

No caso da doação de órgãos, o país possui hoje um dos maiores programas públicos de transplantes do mundo. Mesmo assim, ainda é vítima e contabiliza 69 mil brasileiros na lista de espera para transplante de órgãos.

No último ano o número de doadores aumentou graças a ações, como o treinamento de 500 profissionais na área da medicina de transplantes, divulgação das histórias de pessoas que necessitam de um transplante e da diferença de vida dos pacientes transplantados.

Segundo o médico da central de Transplantes de São Paulo, Dr. Reginaldo Boni, os níveis de doação no Brasil são insuficientes também por falta de planejamento, “Partilho da idéia de que o insuficiente número de doadores está relacionado ao baixo número de notificações por parte dos hospitais onde existem potencias doadores,” diz.

Dentre as atribuições da Central de Transplantes estão o controle da alocação de órgãos doados, o seguimento das inscrições de pacientes que necessitam de um transplante, além de cursos de formação na área da obtenção de doares. Em cada estado existe uma Central que centraliza estas atividades.

Para ser um doador de órgãos não precisa ser constatada a morte encefálica. Alguns órgãos podem ser doados em vida, como: fígado, rim, medula óssea e pâncreas. Ou seja, os voluntários são considerados doadores em vida. Realizar algum tipo de doação na área da saúde significa prolongar a perspectiva de vida de alguém.

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