segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Cinemas tentam reviver época da Cinelândia

Kátia Lemos

Os cinemas da década de 40 e 50 se localizavam no centro, em outros vários bairros de São Paulo e tinham um conteúdo diferente do atual. Cada década foi marcada por uma programação diferente. Entre altos e baixos, esses foram os cinemas que hoje dão lugar para a era 3D. A primeira exibição cinematográfica do Brasil ocorreu em 1896 no Rio de Janeiro, aproximadamente 6 meses após a apresentação dos irmãos Lumière na Europa.


A partir daí, a sétima arte se expande e salas de projeção são lançadas em São Paulo e Rio de janeiro pelo imigrante italiano Afonso Segreto. Na primeira década do século XX, a abordagem do cinema eram filmagens documentais sobre aspectos da realidade nacional, filmes policiais, de comédia e de costumes da época. Já nos anos 30 as produções brasileiras foram voltadas para músicas carnavalescas, com atores de rádio e teatro.

A partir dos anos 50, o tipo de produção brasileira começa a mudar. O surgimento de Mazzaropi e das Chanchadas na televisão marcam essa década. Entre 1950 e 1960 há o surgimento da chamada Cinelândia do Brasil, época áurea do cinema brasileiro em que havia vários cinemas espalhados pelo centro. Destaques dessa época para o Cine Marabá, Cine Metro e Cine Marrocos.

Segundo um assíduo frequentador de cinemas da época, João Ambraska, 78, o traje social era essencial para entrar na seção, e a programação era extensa, “em 1949 eu frequentava a maioria dos cinemas do centro e era obrigatório o uso terno e gravata. Havia cinemas que mostravam documentários sobre as notícias mundiais, trailers e dois filmes”, afirma.

Nas décadas de 50 e 60, o Cine Marabá era um dos locais mais chiques do centro da cidade, onde as pessoas iam vestidas de Black-tie e vestido longo. Ali foi lançado o primeiro filme da Vera Cruz, “Caiçara”, em uma noite de gala. Na década de 80 e 90 o espaço Marabá se tornou o segundo cinema do país em bilheteria.

A partir dos anos 70, o estilo dos filmes nacionais começaram a mudar. Os documentários, jornais e musicais começaram a ceder espaço para filmes de baixo orçamento e com forte apelo erótico conhecido como Pornochanchadas. Tais produções foram exibidas com o objetivo de atrair o público para o produto brasileiro, já que o cinema estrangeiro dominava a bilheteria da época.

Tanto os centros, como os bairros de São Paulo da década de 40 e 50 possuíam pelo menos uma sala de projeção. Algumas vezes, existiam mais de duas no mesmo bairro. O principal motivo para o fechamento desses cinemas foi o surgimento da televisão na década de 50. As pessoas deixavam de ver filmes fora para assistir em casa.

O Cine Marabá foi um dos únicos cinemas que restaram, e sua reabertura, de certa forma, mostra um ponto positivo para os cinemas diante das novas tecnologias. Agora, completamente restaurado, tenta reviver a época da Cinelândia. A reforma foi estimada em R$8 milhões, o cinema conta agora com cinco novas salas, que além dos filmes recebem também no período da manhã treinamentos empresariais, workshops e palestras.

Hoje, o cine Marabá está na rota de atrações turísticas do centro, e recebe convites de hotéis da região para parcerias. Turistas de outros estados também devem compor o público das salas. “Recebemos convites de agentes de viagens, que hospedam grupos de turistas em hotéis centrais, para fazermos parceria”, diz o vice-presidente do grupo playarte Otelo Bettin Coltro.

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